“O Sequestro do Papa”: O fato que abalou a Itália e o mundo. Filme sobre Edgardo Mortara
A história de Edgardo Mortara, que em 1858 foi tirado de sua família judaica para ser criado como católico.
Em cartaz nos cinemas, “O Sequestro do Papa” conta uma triste história que no final surpreende e deixa dúvidas quanto a sua narrativa em inocentar aqueles que por muitos anos tiveram todo o poder centralizado nas mãos, o Estado Papal, tirando a liberdade privada de uma família firme em seus princípios.
A vida de Edgardo Mortara começou de forma tranquila, mas foi totalmente transformada quando ele tinha apenas seis anos. Em 1858, o jovem judeu de Bolonha, Itália, foi batizado secretamente e retirado à força de sua família para ser criado como católico. Este acontecimento virou uma polêmica internacional que expôs as tensões entre o papado e as forças democráticas da unificação italiana.
O início da controvérsia
Edgardo Mortara nasceu em 27 de agosto de 1851, nos Estados Papais. Durante seus primeiros seis anos, ele foi criado como judeu. Tudo mudou quando uma empregada doméstica, durante uma grave doença infantil, decidiu batizá-lo secretamente. Essa ação resultou na retirada de Edgardo de sua família pelas autoridades dos Estados Papais.
A lei controversa
Nos Estados Pontifícios, existia uma lei que proibia não católicos de criar crianças católicas. Baseados nessa lei, as autoridades tomaram a guarda do menino, que foi adotado pelo Papa Pio IX e enviado para uma instituição católica.
A luta dos Mortara
Os pais de Edgardo não aceitaram a situação passivamente. Durante doze anos, lutaram nos tribunais para reaver a guarda do filho. Apesar das várias visitas ao Papa e da comprovação de que Edgardo estava sendo bem tratado, a condição para retomar a guarda era a conversão dos pais ao catolicismo, o que foi recusado.
Decisão Duvidosa
Quando adolescente, Edgardo recebeu a liberdade de escolha sobre com quem gostaria de ficar. Para surpresa de muitos, ele decidiu permanecer em Roma e não retornar à sua casa judaica.
O “caso Mortara” chocou a opinião pública da época e ainda ressoa fortemente. Em 2000, a beatificação do Papa Pio IX gerou críticas, com muitos relembrando o episódio. Curiosamente, anos antes, Edgardo havia desejado que Pio IX fosse declarado beato.