Como turbinar a persuasão jurídica com três movimentos práticos
Três movimentos práticos para aumentar a persuasão em peças jurídicas, com exemplos, marcadores e lições de Cláudio Moreno.
Se você advoga, assessora, promove ou julga, convence pessoas por meio de textos todos os dias. E, embora a linguagem jurídica pareça fria, ela pode ser magnetizante com técnica. Neste artigo, você verá três movimentos práticos que aumentam sua força persuasiva.
Persuadir, em essência, é levar alguém a crer e a aceitar uma tese. Além disso, é mostrar que sua proposta soa verossímil e útil. Por fim, é evidenciar por que uma escolha supera outra, guiando o leitor para a decisão que faz sentido.
Da sustentação oral ao papel: mude a chave
Na sustentação oral, você usa expressões faciais, pausas calculadas, variações de tom e até gestos para transmitir urgência. No papel, nada disso aparece. Assim, as palavras precisam se alinhar de forma cirúrgica para conduzir o raciocínio de quem lê.
Estratégia 1: o impulso das palavras denotativas
“Por sinal”, “aliás”, “além disso” e “não é só isso”
Esses marcadores acrescentam uma ideia extra logo após outra e criam uma virada retórica. Segundo o Professor Cláudio Moreno, você conduz a uma conclusão e, depois, entrega um “brinde” ainda mais forte. Desse modo, o segundo ponto reforça e amplia o impacto do primeiro.
Em uma peça, por exemplo, a frase sobre EPI do motorista de ambulância pode vir seguida de “por sinal” para ampliar o alcance e recordar que toda a empresa observa normas internacionais de segurança. Em outra, “aliás” permite apontar que a instrução falha em crime de roubo virou rotina no fórum.
Estratégia 2: marcadores e modalizadores para organizar e posicionar
Estruture o caminho do leitor
Marcadores orientam a leitura e segmentam etapas do raciocínio. Em primeiro lugar, eles ordenam argumentos; em segundo, evitam saltos. Além disso, sinais gráficos ou itens ajudam a visualizar blocos de ideias e mantêm a progressão lógica clara do começo ao fim.
Assuma a perspectiva com elegância
Modalizadores revelam sua posição sem personalizar o texto. Em vez de “eu acho”, prefira “é importante ressaltar que”, que imprime juízo e preserva a formalidade. Assim, você deixa explícito o ângulo do argumento e conecta trechos com mais força retórica.
Recursos como “nem ao menos” intensificam a crítica e sugerem faltas adicionais além do básico. Já “não é necessário dizer que o cheque é uma ordem de pagamento à vista” reafirma o óbvio com efeito irônico, porque a peça precisa lembrar a regra que alguém violou.
Estratégia 3: o valor de “como sabemos” e “como todos sabem”
Quando o óbvio precisa entrar no processo
Essas fórmulas permitem trazer noções evidentes sem soar trivial. Nesse sentido, elas avisam que aquilo é público e notório no universo jurídico, mas continua relevante para o caso. Portanto, o leitor recebe a lembrança como base compartilhada.
Funciona tanto para regras, como na lembrança de que, no direito brasileiro, a revelia do Estado não produz confissão ficta sobre matéria de fato. Como também opera em avaliações, ao sustentar que o acusado é bom pai de família, de conduta ilibada e formação moral irrepreensível.
Aprimore com método: do texto à norma
Quem busca domínio completo pode estudar o curso Expressão do Direito, oferecido em parceria com o pai. Nele, uma parte aprofunda persuasão, objetividade, clareza, organização, precisão e escolha lexical. Além disso, outra parte cobre norma-padrão: pontuação, regência, crase, concordância, reforma ortográfica e parágrafos.
O tema dos modalizadores recebe tratamento aprofundado, com muitos exemplos reais. Para isso, as aulas analisam petições, sentenças e pareceres ministeriais, mostrando o efeito de cada escolha. Assim, você sai escrevendo com mais segurança e impacto, sem depender de truques isolados.
Checklist rápido do texto persuasivo
- 1. Clareza da tese defendida.
- 2. Roteiro lógico dos argumentos.
- 3. Objetividade sem rodeios desnecessários.
- 4. Antecipação dos contra-argumentos.
- 5. Correção gramatical consistente.
Essas três estratégias funcionam e você aplica hoje mesmo; porém, elas não fazem milagre sozinhas. Antes de tudo, cuide do básico do bom texto. Em seguida, ajuste marcadores, modalizadores e enunciados óbvios para que o conjunto soe convincente.
Pratique em cada peça e observe a resposta de quem decide. Além disso, revise exemplos e refine a técnica continuamente. Por fim, quando você dominar o ritmo, sua escrita jurídica ganha foco, autoridade e persuasão consistente.