Depressão. Uma doença comum, séria e tratável. Saiba como

Este artigo lança luz sobre a depressão, uma condição que afeta negativamente o sentimento, o pensamento e a ação de uma pessoa, mas que é tratável

Publicado 05/09/2023 às 13:57 por Alex Torres

A depressão, também conhecida como transtorno depressivo maior, é uma doença comum e grave que influencia negativamente como você se sente, como pensa e como age. Ela pode desencadear sentimentos de tristeza, perda de interesse em atividades que antes traziam prazer, e variados problemas emocionais e físicos. Em consequência, pode interferir na capacidade de uma pessoa realizar suas atividades diárias regulares no trabalho e em casa.

Os sintomas da depressão, que podem variar de leves a graves, incluem: humor triste ou deprimido, alterações no apetite, problemas para dormir ou excesso de sono, perda de energia, baixa autoestima, dificuldade de concentração, e pensamentos de morte ou suicídio. É importante salientar que esses sintomas devem persistir por, pelo menos, duas semanas para que seja feito um diagnóstico de depressão.

Por outro lado, algumas condições médicas podem imitar os sintomas da depressão, como problemas de tireoide e deficiência de vitamina. Portanto, é crucial descartar possíveis causas médicas gerais.

Quadros de depressão no Brasil

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No Brasil, estima-se que 5,8% da população sofre de depressão, o que corresponde a cerca de 11,5 milhões de brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior prevalência de depressão na América Latina e a segunda maior nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (5,9%).

Em 2016, a depressão foi responsável pelo afastamento de 75,3 mil trabalhadores brasileiros de suas atividades, representando 37,8% de todas as licenças naquele ano devido a transtornos mentais e comportamentais.

Diferenciando depressão, tristeza e luto

Embora a tristeza e o luto possam ser respostas naturais a experiências difíceis, como a perda de um ente querido ou do emprego, eles são distintos da depressão. No luto, os sentimentos dolorosos vêm em ondas, muitas vezes intercalados com lembranças positivas do falecido, enquanto na depressão, o humor e/ou interesse diminuem durante a maior parte das duas semanas. Além disso, no luto, a autoestima é geralmente mantida, enquanto na depressão, sentimentos de inutilidade e auto-aversão são comuns.

A distinção entre tristeza, luto e depressão é importante para ajudar as pessoas a obter a ajuda, o apoio ou o tratamento de que necessitam.

Quais são os fatores de risco para a depressão?

A depressão pode afetar qualquer pessoa, mesmo aquelas que parecem viver em circunstâncias idealmente favoráveis. Vários fatores podem contribuir para a depressão, incluindo bioquímica, genética, personalidade e fatores ambientais.

Indivíduos com transtornos psiquiátricos correlatos, estresse e ansiedade crônicos, disfunções hormonais, sedentarismo, vícios, traumas físicos ou psicológicos, separação conjugal, desemprego prolongado, perda de uma pessoa muito querida ou dores crônicas, podem estar mais propensos a desenvolver depressão.

Como a depressão é tratada?

A boa notícia é que a depressão é uma das condições mentais mais tratáveis. Entre 80% e 90% das pessoas com depressão respondem bem ao tratamento e quase todos os pacientes conseguem algum alívio de seus sintomas.

Antes de um diagnóstico ou tratamento, um psicólogo ou médico psiquiatra deve realizar uma avaliação diagnóstica completa, que pode incluir uma entrevista e, possivelmente, um exame físico.

Medicação

Os antidepressivos, que podem ajudar a modificar a química cerebral, podem ser prescritos para tratar a depressão. Eles não são sedativos, tranquilizantes ou formadores de hábito. Os benefícios completos dos medicamentos antidepressivos podem não ser vistos por dois a três meses. Se um paciente não melhorar após várias semanas, o psiquiatra pode alterar a dose da medicação ou adicionar ou substituir outro antidepressivo.

Psicoterapia

A psicoterapia é outra abordagem eficaz no tratamento da depressão. Uma dessas abordagens é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que ajuda a pessoa a reconhecer pensamentos distorcidos e mudar comportamentos e pensamentos. A psicoterapia pode envolver apenas o indivíduo ou pode incluir outros, como em uma terapia familiar ou de casais.

Terapia Eletroconvulsiva

A Terapia Eletroconvulsiva (ECT) é um tratamento médico mais comumente usado para pacientes com depressão maior, grave ou transtorno bipolar que não responderam a outros tratamentos. A ECT é um procedimento feito sob anestesia geral, no qual pequenas correntes elétricas passam pelo cérebro, desencadeando intencionalmente uma breve convulsão.

Autoajuda e Enfrentamento

Exercício regular, um sono de qualidade, uma dieta saudável e a evitação do álcool podem ajudar a reduzir os sintomas da depressão.

Condições Relacionadas

  • Depressão pós-parto
  • Depressão sazonal
  • Transtorno depressivo persistente (previamente distimia)
  • Transtorno disfórico pré-menstrual
  • Transtorno disruptivo da desregulação do humor
  • Transtornos bipolares

Como prevenir a depressão?

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Recuperar-se da depressão é uma jornada longa e difícil. No entanto, existem alguns passos que podem ajudar a prevenir recaídas da depressão. Esses passos incluem estar atento ao excesso de trabalho, exercitar-se regularmente, envolver-se em trabalho voluntário, evitar álcool e drogas e manter uma atitude de gratidão.

Abordagens integrativas e alternativas

Além dos métodos tradicionais de tratamento como medicação e psicoterapia, algumas abordagens integrativas e alternativas têm mostrado promessa no tratamento da depressão. Terapias como acupuntura, meditação e práticas de atenção plena (mindfulness), bem como a utilização de suplementos naturais como ômega-3 e Erva de São João, têm sido estudados. No entanto, é crucial consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer terapia alternativa, especialmente para garantir que ela não interfira com outros tratamentos em andamento.

O impacto da depressão na sociedade e na economia

A depressão não afeta apenas a saúde mental e física do indivíduo, mas também tem um impacto significativo na sociedade e na economia. O absenteísmo no trabalho, a diminuição da produtividade e o aumento dos custos com saúde são algumas das consequências diretas da depressão em escala macro. No Brasil, estima-se que o custo da depressão e dos transtornos de ansiedade represente quase 1% do PIB nacional. Além disso, a depressão frequentemente leva ao isolamento social, o que agrava o estigma em torno das doenças mentais e dificulta a busca por tratamento.

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