Emoções e o coração. Qual a influência da ansiedade na pressão alta?

As emoções podem afetar significativamente a nossa saúde, especialmente a do coração, podendo provocar doenças crônicas que prejudicam todo o

Publicado 31/08/2023 às 08:03 por Alex Torres

A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença crônica que se manifesta pelo aumento da pressão sanguínea nas artérias. Segundo o coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera, LincoIn Cardoso, esse crescimento da pressão pode desencadear sérios problemas cardiovasculares, como infarto, AVC e insuficiência cardíaca.

Por outro lado, a ansiedade é uma resposta emocional às diversas situações do comportamento humano, incluindo sentimentos de angústia, aflição, dúvida, percepção de perigo e insegurança. A ligação entre essas duas condições clínicas muitas vezes é ignorada.

LincoIn esclarece que a ansiedade crônica pode desencadear respostas fisiológicas que interferem diretamente no sistema cardiovascular, elevando temporariamente a pressão arterial. Inversamente, a pressão alta pode intensificar os sintomas de ansiedade, constituindo um ciclo contínuo de influência mútua.

O que desencadeia a pressão alta e a ansiedade?

A pressão alta pode ser desencadeada por diversos fatores, como idade avançada, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada, consumo de álcool e tabaco, estresse crônico, diabetes, hipercolesterolemia, apneia do sono, doenças renais e uso de certos medicamentos.

Já a ansiedade pode ser provocada por traumas ou eventos estressantes, personalidade suscetível, doenças físicas ou crônicas, uso de substâncias, desequilíbrios químicos no cérebro, histórico de outras doenças mentais, estresse crônico no trabalho ou na vida pessoal, fatores socioeconômicos e traços de personalidade específicos.

Diferenciando ansiedade de pressão alta

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Identificar se a pressão alta é emocional ou resultante de outros fatores requer certo cuidado. Lincoln explica que a pressão alta é caracterizada por sintomas como dores de cabeça, tonturas, visão embaçada e palpitações no coração. A ansiedade, no entanto, pode se manifestar através de agitação, sudorese, tremores, irritabilidade e dificuldades para dormir. Em alguns casos, uma ansiedade intensa pode elevar temporariamente a pressão arterial, tornando complicado identificar a causa original.

“Para um diagnóstico preciso de pressão alta e ansiedade, é fundamental o acompanhamento especializado. Médicos e farmacêuticos são profissionais capacitados para auxiliar nessa trajetória de cuidado, realizando monitoramentos da pressão arterial ao longo do dia, inclusive durante momentos de estresse ou ansiedade, para identificar possíveis conexões emocionais”, alerta o professor.

Exames adicionais, como monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e testes de estresse, podem avaliar o impacto das emoções na pressão arterial. Além disso, uma avaliação psicológica pode proporcionar insights sobre a relação entre a ansiedade e a pressão alta, como recomenda Lincoln.

O Tratamento

Lincoln afirma que a hipertensão arterial normalmente tem causas multifatoriais, envolvendo combinações de fatores genéticos, comportamentais e ambientais. Por isso, o tratamento deve ser conduzido por um profissional de saúde qualificado, levando em consideração aspectos clínicos e emocionais. Durante a terapia, mudanças no estilo de vida, como uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos e diminuição do estresse são fundamentais. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos.

“O tratamento adequado da pressão alta relacionada à ansiedade requer uma abordagem integrada. Mudanças no estilo de vida, como a prática regular de exercícios, uma alimentação balanceada e controle do estresse são fundamentais. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode auxiliar no controle da ansiedade, promovendo pensamentos e comportamentos adaptativos. Em alguns casos, o uso de medicamentos também pode ser necessário, sempre seguindo orientações de profissionais de saúde”, recomenda.

Um problema pode agravar o outro

O professor adverte ainda que o estresse e a ansiedade podem impactar os níveis de pressão arterial de diversas formas. Ativação do sistema nervoso simpático, contração dos vasos sanguíneos, liberação de hormônios do estresse, retenção de sódio e água, padrões alimentares pouco saudáveis e falta de sono adequado são alguns exemplos.

O farmacêutico explica que a pressão alta não tratada pode gerar graves consequências a longo prazo, como doenças cardiovasculares, danos aos órgãos, insuficiência renal, problemas visuais e cognitivos, complicações na gravidez, problemas vasculares e aumento do risco de morte. “Buscar diagnóstico precoce e tratamento adequado é essencial para melhorar a qualidade de vida”, destaca.

Por fim, o professor da Faculdade Anhanguera ressalta a importância de cuidar da saúde do coração, não se limitando à medição da pressão arterial. Dar atenção à saúde emocional e buscar formas saudáveis de lidar com o estresse e a ansiedade é o primeiro passo para uma jornada rumo a um coração mais saudável e uma vida plena de bem-estar.

Prevenção e estratégias de Coping

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Ambas as condições, pressão alta e ansiedade, podem ser amenizadas ou até mesmo prevenidas através de métodos proativos de cuidado com a saúde. Entre as estratégias de prevenção e coping (enfrentamento), destacam-se:

  • Atividades Físicas: Exercícios regulares são recomendados tanto para controle da pressão arterial quanto para redução dos níveis de ansiedade.
  • Alimentação Balanceada: Uma dieta rica em frutas, vegetais e grãos integrais, e baixa em sal e gorduras saturadas, pode contribuir para a manutenção de uma pressão arterial saudável e também ajudar no controle da ansiedade.
  • Mindfulness e Meditação: Técnicas de relaxamento e atenção plena podem auxiliar na redução do estresse, um fator comum entre a ansiedade e a pressão alta.
  • Controle de Peso: Tanto a obesidade quanto o sobrepeso são fatores de risco para a hipertensão e podem aumentar a ansiedade. Controle de peso através de dieta e exercício é crucial.

Lincoln ressalta que adotar essas estratégias como um estilo de vida, e não apenas como uma solução temporária, é vital para o controle eficaz dessas condições.

Mitos e Verdades

Ao tratar de assuntos médicos, muitas informações incorretas podem circular, criando mitos que prejudicam o entendimento e o tratamento das condições.

  • Mito: Ansiedade não afeta a pressão arterial a longo prazo.

    Verdade: Como explicado anteriormente, a ansiedade pode sim afetar a pressão arterial, principalmente se for crônica e não tratada adequadamente.

  • Mito: Medicamentos para pressão alta resolvem o problema definitivamente.

    Verdade: Medicamentos são uma parte do tratamento e não uma cura. Estilo de vida e acompanhamento médico contínuo são necessários.

  • Mito: Somente pessoas idosas têm pressão alta.

    Verdade: A hipertensão pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em pessoas mais velhas.

  • Mito: Ansiedade é apenas “nervosismo” e não requer tratamento médico.

    Verdade: A ansiedade é uma condição médica que, em muitos casos, requer tratamento especializado para ser efetivamente gerenciada.

Lincoln destaca a importância de buscar informações de fontes confiáveis e consultar profissionais da saúde para um diagnóstico e tratamento adequados.

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