Estudos Revelam Impacto das Florestas Tropicais no Armazenamento de Carbono e Interceptação da Chuva
Um conjunto recente de pesquisas vem desafiando o que sabemos sobre a capacidade das florestas tropicais de armazenar carbono e interceptar chuvas. Esses estudos podem redefinir nosso entendimento sobre o papel vital desses ecossistemas na luta contra as mudanças climáticas.
O Armazenamento de Carbono nas Florestas Tropicais
Uma pesquisa realizada na vasta região florestal tropical do Peru trouxe resultados inesperados sobre o armazenamento de carbono dessas florestas. Os pesquisadores usaram técnicas avançadas como mapeamento por satélite, sondagem de mata rasteira e levantamentos de solo local, com o intuito de avaliar o volume real de carbono retido nessas florestas.
Os dados coletados mostraram uma grande variabilidade na concentração de carbono nas florestas. Esta, segundo os pesquisadores, diferiu de acordo com os tipos de floresta e de geologia local. Por exemplo, áreas com rochas mais jovens apresentaram maior quantidade de carbono no solo e na vegetação. Além disso, notou-se uma perda considerável de carbono devido a atividades humanas como desmatamento, agricultura, mineração e construção de estradas.
O estudo contradiz a estimativa do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática que alegava a existência de cerca de 587 milhões de toneladas de carbono na área de estudo, um total de 43.000 quilômetros quadrados de floresta de várzea na região de Madre de Dios no Peru. Os pesquisadores descobriram que a quantidade real é apenas 395 milhões de toneladas, um terço a menos do que o esperado.
Essa descoberta é crucial, dada a intenção de governos ao redor do mundo em unir esforços para proteger países tropicais e suas florestas. Isso coloca em xeque a eficácia dessas florestas na mitigação do aquecimento global, questionando se os investimentos para sua proteção valeriam a pena. No entanto, é importante reforçar que a proteção dessas florestas ainda é crucial, já que elas são responsáveis por 15% das emissões globais de dióxido de carbono provenientes do desmatamento.
O Papel das Florestas Tropicais na Interceptação da Chuva
Em outro estudo, pesquisadores descobriram que as florestas tropicais agem como “guarda-chuvas arbóreos”, interceptando quase dois trilhões de litros de chuva por ano, o que representa cerca de 20% da chuva que cai sobre as florestas do mundo. Essa precipitação é capturada pelas árvores antes de atingir o solo da floresta e, em seguida, evapora para a atmosfera.
Os pesquisadores usaram dados de satélite da NASA para medir a quantidade de chuva, sua intensidade e a cobertura vegetal. Eles também aplicaram um modelo conhecido como modelo de Gash, que tem sido usado com sucesso em diferentes florestas ao redor do mundo desde os anos 80. Este estudo é único pois adaptou o modelo para criar resultados globais pela primeira vez.
Os resultados mostraram que florestas compostas por árvores com folhas finas capturam 22% da precipitação, enquanto as florestas de folhas largas caducas interceptam 19%, e florestas verdes 13%. Mas, segundo os pesquisadores, o fator determinante para a retenção da chuva não é o tipo de folha, mas sim a área total projetada da copa da árvore.
Essas descobertas podem ser cruciais para melhorar as previsões do clima global. As estimativas da quantidade de água retida pelas copas das árvores podem ajudar a prever o impacto do desmatamento nas mudanças climáticas. Os pesquisadores estão agora trabalhando em mapas de 30 anos, na esperança de identificar tendências na coleta de precipitação e evaporação. Se a Terra está realmente aquecendo, essa coleta de chuva deverá mostrar sinais de aceleração ao longo das últimas décadas.