Impacto Mundial dos Distúrbios Mentais: Uma Perspectiva Futura
Segundo um estudo internacional, estima-se que, até os 75 anos de idade, metade da população mundial terá sofrido pelo menos um distúrbio mental.
Imagine um futuro distópico onde metade da população mundial fosse atingida por uma doença psiquiátrica. Por mais que possa parecer exagerado, essa é a constatação encontrada em um estudo internacional recentemente publicado, realizado em centros de 29 países. O renomado médico Enrique De Rosa Alabaster realça a importância desse estudo, enfatizando o seu papel crucial para o avanço da investigação em neurobiologia, tanto básica quanto aplicada.
O Estudo
Publicado em 30 de julho de 2023 na revista The Lancet, o estudo intitulado “Idade de Início e Risco Cumulativo de Transtornos Mentais: Uma Análise Transnacional de Pesquisas Populacionais de 29 Países” traz dados alarmantes sobre a prevalência de doenças mentais em todo o mundo.
O estudo liderado pelo professor John McGrath do Queensland Brain Institute e o professor Ronald Kessler da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, foi realizado com base em pesquisas em diversos países durante um período de 18 a 21 anos (2001-2022), analisando uma população total de mais de 150.000 adultos. Foram utilizadas entrevistas diagnósticas psiquiátricas totalmente estruturadas, aplicando a Entrevista Diagnóstica Internacional Composta da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Principais Conclusões
O estudo trouxe à luz alguns fatos importantes sobre a saúde mental global:
- Diferenças de gênero: As mulheres apresentaram maior prevalência de depressão, várias fobias e estresse pós-traumático, enquanto os homens mostraram alta prevalência de abuso de álcool, seguido de depressão e fobias.
- Patologias mais comuns: A depressão maior e a ansiedade foram identificadas como as patologias mais frequentes, corroborando outros estudos anteriores.
- Idade de início e acumulação de risco: A maior parte dos distúrbios mentais surge durante a adolescência e a juventude, com a idade de maior prevalência para o primeiro episódio de doença mental sendo aos 15 anos.
Implicações e Próximos Passos
O estudo ressalta a necessidade de investir em serviços de saúde mental, com foco especial em crianças, adolescentes e jovens. A detecção precoce dos distúrbios mentais pode trazer benefícios significativos, incluindo aspectos econômicos para a sociedade.
De acordo com o Dr. Enrique De Rosa Alabaster, é imperativo avançar na pesquisa em neurobiologia básica e aplicada para entender os mecanismos subjacentes aos diversos transtornos mentais. Isso ajudará não apenas a sair de uma era de especulação, mas também a entender melhor o funcionamento do nosso sistema nervoso e a complexa interação entre a mente e o corpo.
Este estudo nos lembra de uma verdade inconveniente – por volta dos 75 anos, metade da população mundial pode esperar desenvolver um ou mais dos 13 transtornos mentais considerados. A detecção precoce e a intervenção adequada podem aumentar a resiliência dos pacientes e melhorar a qualidade de vida ao longo do tempo.
* Dr. Enrique De Rosa Alabaster é um especialista em saúde mental, médico psiquiatra, neurologista, sexólogo e médico legista.