Índia marca história com pouso lunar da Chandrayaan-3

O grandioso feito da Índia ao pousar a Chandrayaan-3 na Lua assinala um marco na corrida espacial global, posicionando o país como uma superpotência global

Publicado 24/08/2023 às 20:58 por Alex Torres

Na manhã de quarta-feira, 23 de agosto, a Índia escreveu seu nome na história da exploração espacial ao pousar a espaçonave Chandrayaan-3 na Lua. O país se torna a quarta nação a alcançar tal feito, juntando-se aos Estados Unidos, China e a antiga União Soviética, que realizou pousos antes de sua dissolução – as únicas nações que até então conseguiram aterrissagens suaves na superfície lunar.

Um privilegiado polo sul lunar

O local de pouso da Chandrayaan-3 chama a atenção por sua proximidade com o polo sul lunar – mais perto do que qualquer outra espaçonave já conseguiu. Isso não é uma mera coincidência, a região é estratégica tanto do ponto de vista científico quanto do pontode vista de nações com ambições espaciais.

Os cientistas acreditam que a região é rica em depósitos de gelo de água, escondidos em crateras sombrias. Essa presença de água, caso seja confirmada, poderia se tornar uma fonte valiosa de combustível para foguetes ou até mesmo fornecer água potável para futuras missões tripuladas.

Mas a realização da Índia vem na esteira de uma tentativa fracassada de outra nação. A espaçonave russa Luna 25 falhou no pouso lunar em 19 de agosto, após uma falha em seus motores, encerrando um hiato de 47 anos no país em tentativas de pousos na Lua.

Chandrayaan-3: uma jornada meticulosa

O Chandrayaan-3, cujo nome significa “veículo lunar” em sânscrito, foi lançado do Satish Dhawan Space Center, em Sriharikota, estado de Andhra Pradesh, no sul da Índia, em 14 de julho. Desde então, a espaçonave tem se aproximado da Lua de maneira lenta e metódica.

Satish Dhawan Space Center – foto: Google

Durante a aproximação, as câmeras a bordo da Chandrayaan-3 capturaram imagens fascinantes, incluindo um close no terreno cinza empoeirado da Lua, capturado em 20 de agosto, e compartilhado pela agência espacial indiana na terça-feira, 22 de agosto.

Essa espaçonave é equipada com tecnologia que permite orientar seu próprio posicionamento. Para isso, ela compara as imagens capturadas por suas câmeras com um mapa lunar programado em seu computador de bordo, conforme explicado pela agência espacial.

Desenvolvimento Tecnológico da Chandrayaan-3

O desenvolvimento da Chandrayaan-3 marca um marco tecnológico significativo para a Índia. A espaçonave possui uma série de instrumentos e tecnologias inovadoras, incluindo sensores avançados para análise da composição do solo lunar, um radar para penetrar a superfície e estudar as características subterrâneas, e sistemas autônomos de navegação e aterrissagem. Além disso, a Índia colaborou com várias agências espaciais e instituições internacionais na criação desta missão, promovendo uma cooperação global na exploração espacial. A jornada meticulosa de Chandrayaan-3 reflete o compromisso da Índia com a excelência em engenharia e pesquisa científica, colocando o país na vanguarda da exploração espacial.

Impacto na Política Espacial Global

A aterrissagem bem-sucedida da Chandrayaan-3 na Lua não apenas solidifica o papel da Índia como uma potência emergente no campo da exploração espacial, mas também tem implicações significativas na política espacial global. A escolha do polo sul lunar, uma região de interesse para muitas nações, sinaliza uma intenção estratégica por parte da Índia. Essa conquista pode estimular uma nova corrida à Lua, com nações competindo por recursos e posições estratégicas. Além disso, a missão da Índia demonstra como as nações em desenvolvimento podem contribuir significativamente para a exploração do espaço, desafiando a dinâmica tradicional dominada pelas superpotências. O sucesso da Chandrayaan-3 pode abrir caminho para futuras colaborações e acordos internacionais, promovendo um ambiente mais inclusivo e cooperativo na exploração espacial.

Essa é a segunda tentativa da Índia de realizar um pouso suave na Lua. Em 2019, a primeira tentativa, com a Chandrayaan-2, acabou em colisão com a superfície lunar devido a problemas de software e dificuldades de frenagem durante a descida. Agora, o sucesso da Chandrayaan-3 reforça a presença da Índia no palco da exploração espacial global.

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