Me escute com os olhos: a arte da escuta ativa
Em uma sociedade cada vez mais barulhenta, a habilidade de praticar a escuta ativa torna-se uma necessidade vital para nossas relações pessoais, acadêmicas e profissionais.
Há uma expressão Espanhola que diz “Me escute com os olhos”. Parece sem sentido, já que nossos olhos não possuem a capacidade de audição, mas, na verdade, transmite uma profunda lição. Escutar vai além do simples ato físico e involuntário de ouvir. Envolve nossos sentidos e principalmente nosso cérebro.
Escutar x Ouvir: uma discrepância significativa
A diferença entre escutar e ouvir é um fator crucial para a qualidade de nossas interações. Enquanto ouvir é algo biológico e involuntário, que faz parte de nossa percepção sensorial, escutar é um ato voluntário, que demanda nossa total atenção e envolve nossa interpretação pessoal.
Imagine que seu artista favorito está tocando na sua sala de estar. Há duas formas de apreciar a música. Na primeira, a música serve de fundo para o ambiente, você a reconhece, cantarola algumas letras, mas a música não é o foco principal. Na segunda forma, você dedica sua atenção total à música, percebe o ritmo, identifica os instrumentos, decifra a letra e entende a mensagem da canção. É nesse momento que você exclama “essa é uma música incrível”.
Essa mesma dualidade existe em nossas conversações diárias. Muitas vezes, colocamos os diálogos em segundo plano por inúmeros motivos, como tentativa de multitarefa, falta de interesse, resistência a opiniões divergentes ou interrupções constantes. No entanto, a escuta ativa é uma habilidade que nos permite absorver conscientemente a totalidade da mensagem do emissor, com o objetivo de compreender, reter e refletir sobre o que está sendo comunicado.
O mito do silêncio na sala de aula
Antigamente, o modelo ideal de uma sala de aula era o professor falando constantemente e os alunos escutando em silêncio. Embora isso possa parecer o paraíso para muitos professores, a falta de ruído nem sempre é um bom sinal. Existem alunos que parecem estar prestando atenção, mas, na realidade, estão apenas escutando passivamente e estão mais ocupados com seus pensamentos internos.
Identificando a escuta passiva
A escuta passiva ocorre quando o receptor não faz esforço algum e é apenas um espectador que não reage nem compartilha ideias com o emissor. Este comportamento pode ser identificado por uma atitude desinteressada, falta de envolvimento, seletividade na escuta e distração aparente ao final da conversação. Ao combater a escuta passiva, tanto o professor quanto os alunos se beneficiam, pois isso promove a confiança, aumenta a compreensão do aprendizado e cria um ambiente positivo para todos na sala de aula.
Estimulando a escuta ativa
Existem várias técnicas para incentivar a escuta ativa em nossas interações diárias.
- Ser aberto: Nossa mente deve estar aberta a diferentes perspectivas. Devemos ser pacientes, permitir que o outro termine de falar e compreender completamente o que está sendo dito antes de responder.
- Ser empático: Devemos evitar interromper ou completar frases do emissor, pois isso pode ser contraproducente, interrompendo o fluxo da conversação ou desviando a ideia original.
- Parafrasear: Uma técnica valiosa para demonstrar compreensão é parafrasear o que acabou de ser dito.
- Reforçar: Podemos confirmar que estamos recebendo a mensagem efetivamente através de linguagem corporal positiva, fazendo perguntas pertinentes e resumindo a mensagem.
- Estar presente: É importante estar presente no momento, respeitar o tempo dos outros e dar a atenção que eles merecem.
- Repetir: Repetir mentalmente o que a pessoa está dizendo pode nos ajudar a manter a concentração no que o orador está dizendo.
A escuta ativa promove a comunicação positiva, criando um ambiente de compreensão e empatia. Através dela, garantimos que a mensagem do emissor seja recebida com sucesso, além de fazer com que o receptor se sinta ouvido e valorizado.