Adaptação de “Branca de Neve”divide críticos: Preservação ou normatização?

A nova versão live-action de "Branca de Neve" dirigida por Marc Webb está gerando polêmica.

Publicado 12/09/2024 às 17:07 por Viviane Grecilo Torres

Para muitos, os filmes clássicos da Disney marcaram a infância. Fantasiar-se como personagens de contos de fadas e sonhar com aventuras em terras distantes era comum. Com o passar dos anos, adaptações e reinterpretações dessas histórias surgiram. Agora, um novo remake live-action de “Branca de Neve” está previsto para março de 2025.

Escalação de elenco gera controvérsias

Rachel Zegler, conhecida por “Amor, Sublime Amor”, interpretará Branca de Neve. Gal Gadot, estrela de “Mulher-Maravilha”, será a Rainha Má. A escolha de Zegler, uma atriz latina, provocou reações entre fãs que acreditam que a decisão de Webb compromete o clássico, tentando representar pessoas de cor em histórias tradicionais. A pele pálida de Branca de Neve é um traço crucial para a trama, que define a beleza da princesa e motiva a inveja da Rainha Má.

Fãs argumentam que a presença de uma pessoa de cor no papel elimina a característica definidora da princesa. As alterações para promover diversidade, segundo os fãs, podem enfraquecer a conexão emocional que muitos têm com os filmes originais. Eu arriscaria insistir que, isso não passa de uma tentativa de forçar os fãs a demonstrarem insatisfação, levando-os a prática de um racismo involuntário, por assim dizer.

Adaptação feminista e mudanças significativas

Andrew Burnhap e Rachel Zegler em trailer de Branca de Neve – foto: Reprodução

Segundo a Forbes, o remake adota uma abordagem mais feminista, evitando o estereótipo da donzela em perigo. Andrew Burnhap interpreta Jonathan, substituindo o Príncipe Encantado como interesse amoroso de Branca de Neve. Essa alteração rompe com o clássico de 1937, ajustando-se aos valores contemporâneos, o que não significa que estejam certos.

Além da escolha de atriz, o trailer do filme causou mais controvérsia ao mostrar os Sete Anões como personagens animados, destoando de Zegler. A ausência de atores humanos gerou críticas, pois muitos acreditam que Webb perdeu a chance de contratar atores anões. Os anões também foram excluídos do título do filme, diferente do original “Branca de Neve e os Sete Anões”.

Opiniões divididas

Apesar das polêmicas, alguns espectadores apoiam o remake, considerando-o apenas uma história alterada. A versão original dos Irmãos Grimm difere da animação de 1937, que é frequentemente vista como a primeira. No conto dos Grimm, não é o Príncipe Encantado que desperta Branca de Neve, mas sim alguém que a acerta nas costas.

A adaptação de Marc Webb é vista por alguns como uma atualização cultural necessária. A ausência do Príncipe Encantado reflete uma visão moderna sobre ética e consentimento, que no entanto, tenta normatizar o errado. O que para a sociedade pode parecer evolução, eu diria que se transformou em uma forma orgulhosa de dizer: Eu posso! Eu consigo! Eu não preciso de afetos! E por aí vai ladeira abaixo.

Desafios e perspectivas

O objetivo central ao recriar clássicos é decidir claramente pelo expectador em quais princípios e valores ele se debruçará, uma vez que assim como na ciência e na medicina, tudo pode ser transformado num picar da navalha, porque seria diferente nas narrativas cinematográficas não é mesmo? A final são bilhões de dólares para perder com clássicos tradicionais.

Voltar ao topo

Posts relacionados

Empregamos cookies indispensáveis e tecnologias correlatas, conforme nossa Política de Privacidade. Ao prosseguir com a navegação, você expressa seu consentimento com tais termos. Politica de Privacidade