Descoberta Arqueológica Revela Presença Humana na China 45.000 Anos Atrás
Em um estudo recente, pesquisadores revisaram um sítio arqueológico no norte da China, descobrindo que a presença de Homo sapiens na região
Acompanhando as pegadas dos primeiros seres humanos, uma equipe de pesquisadores, sob a liderança de Francesco d’Errico da Universidade de Bordeaux, na França, realizou uma nova análise em um sítio arqueológico denominado Shiyu, situado ao norte da China. Este local foi primeiramente explorado na década de 60, em meio às turbulências da Revolução Cultural chinesa. “Encontrar um sítio de tamanha importância durante aquele período foi algo fora do comum”, observa d’Errico.
O contexto geográfico de Shiyu é peculiar: trata-se de uma área ao ar livre, situada em uma ravina fluvial, que contém um depósito sedimentar com 30 metros de profundidade. Este depósito foi meticulosamente separado em quatro camadas horizontais pelos primeiros escavadores, onde a segunda camada mais profunda revelou sinais de ocupação humana.
O Legado Perdido e o Resgate de Evidências
Durante as escavações iniciais, foram descobertos mais de 15.000 artefatos de pedra e milhares de ossos animais, além de um fragmento de crânio de hominídeo. Este último foi identificado pelo antropólogo Woo Ru-Kang como pertencente a um Homo sapiens. Contudo, as instabilidades do período resultaram na perda de grande parte das descobertas. Ao todo, apenas cerca de 10% dos instrumentos líticos foram preservados até os dias de hoje, lamenta d’Errico.
Alguns artefatos mais significativos foram transportados para o Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia em Pequim. No entanto, grande parte do material restante foi extraviada nos locais de origem, incluindo o osso hominídeo crucial para a compreensão da cronologia humana.
Um Caminho Setentrional para a História Humana
- A presença do homem moderno na atual China data de cerca de 45.000 anos atrás.
- A descoberta sugere que nossa espécie chegou à região milhares de anos antes do que se supunha, possivelmente seguindo uma rota ao norte através da atual Sibéria e Mongólia.
A reinterpretação dos dados do sítio de Shiyu propõe um cenário alternativo para o povoamento humano precoce na Ásia Oriental. As novas evidências apontam para a possibilidade de que as primeiras migrações humanas para o leste da Ásia tenham tomado rotas mais setentrionais do que aquelas historicamente consideradas, revelando assim um capítulo anterior desconhecido na grande saga da dispersão humana.
Essas descobertas não apenas reconfiguram nossa compreensão da história da população humana na China, mas também ampliam nossa perspectiva sobre as rotas migratórias dos primeiros Homo Sapiens e a complexidade da nossa pré-história.