Esperança no horizonte do câncer de mama: saiba mais sobre RD-43, o anticorpo sintético

Em um avanço promissor na batalha contra o câncer de mama, pesquisadores desenvolveram um anticorpo sintético que interrompe uma enzima

Atualizado 01/12/2023 às 10:15 por Alex Torres

A jornada do câncer de mama pode estar prestes a encontrar um oponente formidável: um anticorpo laboratorial capaz de cessar a ação de uma enzima que ajuda certos cânceres de mama a se espalhar. Este avanço foi realizado no laboratório do professor Nicholas Tonks, do renomado Cold Spring Harbor Laboratory. A esperança está na forma de RD-43, uma criação engenhosa de Zhe Qian, um estudante de pós-graduação, em colaboração com os recursos compartilhados de exibição de Anticorpos e Fagos do CSHL. Com mais desenvolvimento, este anticorpo pode transformar-se em um tratamento farmacológico eficaz.

Com foco direto no problema, a enzima PTPRD

O protagonista desta história científica é a enzima PTPRD, membro da família das fosfatases de proteína tirosina (PTPs). Estas moléculas desempenham um papel vital regulando processos celulares diversos. Funcionam em harmonia com enzimas chamadas cinases, que adicionam pequenos reguladores químicos, os fosfatos, às proteínas. As PTPs, então, têm a função de remover esses fosfatos. É um jogo de equilíbrio que, quando desregulado, pode levar a inflamação, diabetes e câncer.

A indústria farmacêutica já explorou as cinases como alvo durante décadas, mas o desenvolvimento de resistência aos inibidores de cinase em pacientes com câncer representa um desafio persistente. A busca por novas soluções é, portanto, urgente.

Controlar a atividade das PTPs pode ser a chave para um grande impacto na saúde humana. Tonks, que descobriu as PTPs enquanto pesquisador pós-doutoral, vê essas enzimas como uma fonte ainda não explorada para o desenvolvimento de drogas. Contudo, criar medicamentos eficazes que manipulem essas enzimas tem se mostrado um desafio. Enquanto muitas enzimas podem ser inibidas por pequenas moléculas que se ligam e bloqueiam sua atividade, o mesmo método não se aplica às PTPs como a PTPRD. Isso exige estratégias alternativas.

Resultados promissores e perspectivas futuras

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Zhe Qian elaborou uma nova abordagem para bloquear a PTPRD: um anticorpo sintético que reconhece e se liga a seu alvo de maneira específica. A molécula da PTPRD, que se aloja na membrana externa das células, apresenta partes que se projetam tanto para o interior como para o exterior da célula. O anticorpo de Qian foi desenhado para agarrar-se simultaneamente a duas moléculas de PTPRD do lado de fora da célula.

Os experimentos revelaram que essa ligação induz as proteínas PTPRD a se agruparem em uma configuração inativa, que não só impede o funcionamento da enzima, mas também leva à sua degradação. Consequentemente, células de câncer de mama cultivadas em laboratório demonstraram uma redução na capacidade de invasão. Tonks e Qian nutrem a esperança de que essa estratégia possa um dia ser utilizada para bloquear a enzima que promove possível metástase em pacientes com câncer de mama. E mais, eles sugerem que essa abordagem possa ser particularmente efetiva se combinada com um medicamento que tenha como alvo as cinases.

Publicado no periódico Genes & Development em 1º de agosto de 2023, o estudo traz uma nova luz sobre o potencial de tratamento do câncer de mama. Com financiamento de instituições de renome incluindo o National Institutes of Health e a Fundação Simons, e o suporte da parceria CSHL-Northwell Health, a pesquisa liderada por Nicholas Tonks, professor Caryl Boies de Pesquisa do Câncer no CSHL, representa uma promessa de um futuro onde o câncer de mama poderá ser enfrentado com ainda mais eficácia e esperança.

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