Descoberta científica: uso de senolíticos em órgãos maduros pode melhorar transplantes

Pesquisadores da renomada Harvard Medical School e do Mayo Clinic trouxeram à tona uma questão intrigante: a influência dos órgãos doadores mais velhos sobre o processo de envelhecimento nos receptores mais jovens. Ao realizar transplantes cardíacos com disparidades etárias em camundongos, descobriram que aqueles que receberam corações de doadores mais velhos manifestavam um aumento na presença de células senescentes e níveis sistêmicos de mt-DNA, comparados aos que receberam corações jovens. A consequência não se limitava a problemas físicos; distúrbios cognitivos também foram observados nos animais receptores.

No entanto, enquanto a senescência, um mecanismo biológico associado ao envelhecimento e a doenças relacionadas à idade, se mostrava um desafio, a pesquisa também lançou luz sobre uma solução promissora: os Senolíticos. Esses fármacos inovadores têm como alvo células senescentes, buscando eliminá-las. No estudo, após o tratamento de órgãos doadores mais velhos com Senolíticos – mais especificamente, Dasatinib e Quercetina – antes da obtenção dos órgãos, houve uma redução significativa na transferência de senescência para os receptores.

Olhar dos especialistas

Maximillian J. Roesel, ao apresentar o estudo durante o Congresso da Sociedade Europeia de Transplante de Órgãos de 2023 (ESOT Congress 2023), destacou a importância da idade do doador para o sucesso dos transplantes, enfatizando que receptores de órgãos mais maduros geralmente enfrentam prognósticos piores. Apesar disso, o uso desses órgãos se faz necessário devido à escassez global. A pesquisa não só aponta desafios, mas também caminhos para uma utilização mais eficiente de órgãos mais velhos.

Enfrentando a escassez de órgãos e pesquisas futuras

A demanda por transplantes de órgãos tem crescido consistentemente na Europa, impulsionada pelo aumento de doenças crônicas. Essa necessidade urgente supera em muito a oferta disponível de órgãos, com dados recentes revelando que, em média, 21 pessoas morrem diariamente no continente europeu aguardando um transplante. Stefan G. Tullius, autor sênior e líder do estudo, ressalta a importância de aprofundar as pesquisas sobre o papel dos Senolíticos na prevenção da transferência de senescência em humanos. O entusiasmo com os resultados é palpável, e a relevância clínica é evidente, com potencial para não apenas melhorar os resultados dos pacientes, mas também para aumentar a disponibilidade de órgãos para transplantes.

Referências e avanços futuros

• Artigo de Referência: “Spreading’ aging with the transplantation of old organs: An experimental reality” por Roesel M, et al., apresentado em 18 de setembro de 2023, no Congresso da Sociedade Europeia de Transplante de Órgãos (ESOT Congress 2023).
• Próximos Passos: As investigações seguirão em busca de compreender minuciosamente os mecanismos envolvidos e o impacto dos Senolíticos na prática de transplantes em seres humanos, com a esperança de revolucionar esse campo da medicina.