TikTok e os seus impactos. Que alternativas temos no consumo de conteúdo digital hoje?

O avanço da "TikTokificação" e seus efeitos na sociedade digital são inegáveis. As plataformas de conteúdo lutam para capturar nossa atenção

Publicado 16/11/2023 às 07:52 por Alex Torres

Em um ritmo frenético, somos consumidos por uma enxurrada de vídeos de curta duração, buscando incessantemente entreter e prender nossa atenção. A internet transformou-se em um vasto palco de distratores instantâneos, desde o surgimento do TikTok – agora com um séquito de seguidores que inclui gigantes como Spotify, YouTube e até a Amazon. A estratégia é clara: transformar conteúdo em doses diminutas, reproduzindo-os automaticamente e seduzindo-nos a permanecer cada vez mais conectados, numa luta constante contra o relógio da nossa atenção.

Por que todos querem ser como o TikTok?

A febre dos vídeos curtos está fundamentada em números impressionantes. No Brasil, o TikTok alcançou a marca de 82 milhões de usuários mensais, uma estatística que atraiu o olhar cobiçoso de empresas que desejam beber da mesma fonte de sucesso. A resposta à proliferação de conteúdo foi condensar ainda mais as informações, apresentando-as em formatos que exigem menos do nosso tempo – mas será que isso realmente está funcionando?

A redução da capacidade de atenção

Desde o advento do cinema sonoro, a forma como consumimos entretenimento vem se transformando. Hoje, estamos acostumados com uma realidade de rápidas transições e estímulos constantes. A necessidade de retenção levou criadores a desenvolverem inúmeras estratégias para manter os olhos fixos nas telas, muitas vezes resultando em um conteúdo que, embora engaje, não permanece na memória do espectador. A consequência direta é uma geração cada vez mais desafiada a se concentrar em tarefas que demandam um tempo de atenção prolongado.

A fragilidade da fórmula dos vídeos curtos

As confissões de Mark Zuckerberg sobre a monetização inferior dos Reels no Facebook e a perda de receita ao desviar atenção do feed principal revelam que a fórmula dos vídeos curtos, embora possa parecer um sucesso, enfrenta problemas sérios de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, criadores que inicialmente aderiram ao formato de vídeos curtos migram agora para conteúdos mais longos em busca de estabilidade e recompensas financeiras mais consistentes. A realidade é que a atual tendência é insustentável tanto para as plataformas quanto para os criadores e usuários.

O renascimento dos conteúdos longos

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Enquanto os vídeos curtos capturam momentaneamente nossa atenção, há um movimento paralelo que valoriza conteúdos mais longos e aprofundados. Podcasts e vídeos mais extensos no YouTube são exemplos dessa tendência, indicando que ainda existe uma demanda significativa por materiais que engajam de maneira mais significativa e permitem um aprofundamento maior nos temas de interesse.

Elo Perdido versus uma solução possível

Diante desse cenário, surgem indagações: como equilibrar o apelo dos vídeos curtos com a necessidade de conteúdo mais substancial? A solução pode estar na integração dos algoritmos eficientes de plataformas como o TikTok ao universo dos vídeos longos. Ao conectar os pontos fortes de ambos os formatos, as plataformas poderiam proporcionar uma experiência mais rica e diversificada, aumentando não apenas a satisfação do usuário, mas também criando um modelo de negócios mais sustentável para criadores e empresas.

No fim das contas, a transformação da “TikTokificação” em algo que beneficie todos os envolvidos está nas mãos não apenas das plataformas, mas também dos próprios usuários. O desafio é encontrar um equilíbrio entre a gratificação instantânea e o consumo consciente de informação. Será esta uma tarefa árdua? Sem dúvida. Porém, a alternativa é encarar um futuro onde nossa atenção e memória sejam moedas cada vez mais desvalorizadas no mercado digital.

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